domingo, 1 de maio de 2011

VAI UMA SALVAÇÃO AÍ?

De volta a esse mundo "blogueiro" depois de um tempo longe das letras, dos textos. Minha vida nesse momento está bem diferente do ultimo post nesse blog , muitas coisas aconteceram e mudaram , graças a Deus por isso porque a inércia é o princípio da morte em vida. Nosso mundo segue a sua jornada, hora tensa , hora branda. A politica ta aí governando, os políticos estão ...bem, vai saber né.... A natureza cada vez mais famosa por seus atos que como o próprio nome sugere são naturais mas a Internet a ferramenta do caos para os que a fazem ser assim, conseguem fazer um vento tornar-se tempestade . E a religião , bem ... essa sim continua a mesma! claro que com uma capa diferente ou até mesmo uma releitura ou didática um pouco mais agradável . E foi nesse assunto "Religião" que eu tive a certeza de que o ser humano ainda não entendeu a sua aplicação literária, não que a religião em si seja boa, pois toda religião forma o religioso e todo religioso se fiel a sua religião se torna extremista e todo extremista perde sua essência humana. Também não digo que seja de todo o ruim , nessa sociedade que vivemos hoje no mundo é infelizmente necessária . Mas hoje quero falar da onde por muito tempo vivi e até hoje convivo que é o Evangelho dos evangélicos. De comum acordo toda religião visa uma pós vida como recompensa de sua vida aqui na terra, logo o ser humano almeja uma "vida eterna" . Temos muitos relatos da própria Bíblia quanto e essa aplicação.  Muitos amigos me perguntam sobre o que nos esperam em outra vida , o que vá nos acontecer , pra onde vamos , se existe céu ou inferno , se iremos sofrer, se iremos ser feliz etc.. Esse contexto é aplicado nas próprias igrejas por aí e é inserido no que eu vou chamar de "Teologia da Salvação". Desde que a vida é vida na forma animal ou humana a salvação faz parte da existência, podemos até mesmo em alguns casos trocar a palavra salvação por sobrevivência , por exemplo - a zebra foge das garras do leão pra não morrer e luta para sobreviver e se consegue fugir está "salva". Caros amigos qualquer pessoa desde a mais inteligente a menos provida de inteligência quer ser "salva". Se a base do que chamamos de Cristianismo é Cristo (embora todos os "Ismos" pra mim sejam falhos) essa aplicação de salvação esta completamente errada. Analisando toda a vida de Jesus não consigo enxergar em momento nenhum nem de perto essa mensagem do Cristo. " Eu vim para que tenham vida e vida com abundância"  De que vida Jesus falava? pós vida? claro que não! Se teve um Homem que viveu abundantemente neste mundo esse homem foi Jesus o Cristo. Todas as abordagens na vida cotidiana de Jesus não foi pra uma vida futura, mas sim pra uma vida Plena e abundante aqui mesmo . Acreditar numa Salvação é barganhar uma vida social de ser um ser humano exemplar por uma vida "eterna" ou até mesmo não ir para o "inferno". O pior é que hoje tem mais gente tentando ser "bom" pra não ir pro inferno do que pra ter a vida eterna . "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" , caminho se trilha , a verdade se aplica e a vida se vive. O maior exemplo de vida sem barganha que tivemos foi Jesus. Conceitos morais, personalidade, comportamento, atitudes, ensinamentos, amizades, companheirismos. Mas quer dizer que Jesus não falou de salvação?? Claro que falou ! A salvação do próprio "Eu" do homem. Enquanto o ser humano não se libertar da sua própria natureza que sabemos que é naturalmente má não será possível atingir essa cristificação interior. É aí que difere a salvação pós vida que todo ser humano quer ter. Eu preciso ser pleno independentemente do que possa me trazer de "benefícios" pós vida, daí hoje vemos que o Evangelho dos evangélicos para justamente nesse ponto. "Servir" a Deus hoje em dia esta mais parecido com a escravidão da própria palavra servo das antigas escravidões humanas. Não se preocupam mais em Bem aventurados ou nas Boas novas, onde a palavra não no jargão "gospel" mas a palavra amiga, aquela que conforta, que traz esperança que não acorrenta que liberta que faz discípulos ao invés de escravos. Me perdoem amigos mas Cristo não veio oferecer vida eterna pra ninguém, ou seria muito mesquinho da sua parte e incoerente afinal "Vem a nós o teu reino" . Nossa vida eterna se aplica na plenitude do Cristo dentro de nós e a imortalização de nossa alma junto ao reino dos Céus. Pois se o "Pai nosso que estas Nos Céus" reservou algo pra tal existência em outra dimensão vamos assim dizer está guardado e reservado, porém se nada disso existir e eu conseguir atingir e despertar esse Reino que esta "próximo--dentro de mim" aqui mesmo na terra "seja feita sua vontade, assim na terra como nos --céus--"
Vivamos o Cristo sem barganhas , despertemos a essência das boas novas, não tenhamos medo de errar mas se errar-mos temos o maior dos professores para nos ensinar a acertar. A salvação é uma conquista interior, antes ser salvo de minha índole má do que o inferno dos religiosos.

Naquele que nos salva de nós mesmo..
Paz seja com todos

Marcos Will

domingo, 11 de abril de 2010

CONFLITOS ETERNOS..

Estes dias eu estava conversando com uma amiga, numa dessas noites frias que de tempos em tempos rodeia essa cidade chamada São Paulo. Era madrugada e andávamos pela rua entrelaçados numa conversa que me fez parar e pensar a noite inteira. Conversávamos sobre nossas experiências boas e ruins, mas num dado momento eu a deixei falar e me propus a mais ouvir. Ela começou a me falar de uma situação na qual ela passou que deixou marcas muito profundas, algo sentimental . Mas antes de entrar nesse assunto eu volto um pouco em nossa conversa.
Falávamos sobre as mudanças que passamos ao longo dos anos, coisas que pra nós eram num contexto "Cristão" erradas, dogmas, visões deturpadas que tínhamos sobre o evagelho , de como nós reagíamos em nossos relacionamentos antigos, da visão que tinhamos e por aí vai, num momento puramente nostálgico regressamos ao
nosso eu antigo. E em alguns momentos da conversa ela se auto-avaliava trazendo a realidade da sua vida no "hoje" no momento presente e dizia "hoje eu penso diferente". Ela também me falou sobre erros que ela cometeu no passado e de como hoje ela não entende como passou por tudo aquilo. Bem, Durante muito tempo ficamos ali e eu estava muito interessado em saber ou melhor ouvir suas palavras, pois em nenhum momento elas me soavam um arrependimento, pelo contrário havia mesmo que incôncientemente uma sensação de dever cumprido. É aqui que te convido a pensar comigo... Isso me fez parar e refletir de como o ser humano entende suas experiências positivas e negativas.. Nós só compreendemos a tristeza porque sabemos o que é num sentido emocional a alegria, sabemos que erramos porque num sentido didático sabemos o que um "acerto".  O ser humano na sua inteligência racional unica no reino animal não consegue entender o erro, a tristeza, o sofrimento. Somos catequizados em nossa psique de que não podemos errar porque isso trará consequências irreversíveis para o resto de nossas vidas e vivemos numa busca incansável pela perfeição de sermos perfeitos.
Quando ficamos tristes ao ponto de não querer viver por alguma situação que ocorreu em nossas vidas anulando nossa capacidade de regeneração e adaptação que nos fluem de dentro pra fora , somos capazes até de nos machucar. 
Quando eu paro e vejo a História da minha amiga, eu vejo que errar, sofrer,entristecer,perder, não expressa esse sentido real que hoje em dia em muitos lares, igrejas, familias, individuos, expressam.. Quando eu vejo a história dela eu vejo que ela acertou errando..Daí você me pergunta, mas como assim?? Eu te respondo, O que é o Erro perante a experiencia de saber oque nao se pode errar? O que é a tristeza perante a sabedoria de entender  que ela é passageira, O que é sofrer perante a certeza que existe um fim, oque é perder mesmo sabendo que posso recuperar e mesmo não recuperando que um dia eu tive . Somos feitos de todos os tipos de experiencias , passivos de sofrer, de chorar, de perder, de errar. Não somos  máquinas porgramadas para sermos felizes 24 horas por dia, No mundo tereis aflições, mas... credes em Deus. Mediante isso conseguimos entender que Tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus. Ja sofri muito por não entender minha Humanidade, e me robotizei tentando me programar a uma personalidade abstrata , mas até mesmo o robo enferruja na sua constância mecânica, pois não tem o direito de entender ou proceder aleatóriamente. Suas experiencias são unicas e para seu crescimento nessa terra que nada mais é um momento ínfimo de aprendizagem , se é que conseguimos aprender algo, pois essa dimensão irá passar e não seremos mais presos a essa matéria que nos limita e nós estaremos com a grande nuvem de testemunha entrando, saindo, correndo, voando... Até la esses conflitos que nesse finalzinho de texto ja não são mais eternos , sejam supridos, compreendidos, e humanizados.


Naquele que Excede toda Dor, tristeza, todo Erro...
Paz queridos


Marcos Will

quarta-feira, 3 de março de 2010

Porque a Vida é Cheia...!!


De tempos em tempos nós nos deparamos com diversas situações em nossas vidas. Engraçado quando olhamos para traz e vemos tanta coisa que aconteceu, tanta coisa que poderia ter acontecido... Quando chega este momento em sua vida tenha a certeza de uma coisa, sua maturidade está no nível mais alto, nível este que te leva a ver o quanto se estende a vida.
Tenho vontade de ser quem eu "era" , mais isso me faz pensar em deixar de ser eu hoje... Pense comigo, que troca é essa? Viver as insanidades maravilhosas de outrora , os devaneios da nossa juventude que em momento nenhum se prende a pensamentos , tempos, regras, ou tudo aquilo que possivelmente a coloque numa redoma . Porém viver as certezas de nossas escolhas que hoje temos com mais convicção. Temos todo o tempo do mundo para pensar, para discutir, para trabalhar, e isso nos torna o mais racional possível. Racional???? Dura escolha ...!!
Fatos, acontecimentos, o mundo gira, o tempo corre, ganhamos e perdemos , mas descobrimos que não há um tempo melhor em nossas vidas, sim..não há!! O tempo o segundo que você vive hoje nunca mais voltará, o momento que vivemos é a plataforma daquilo que virá, querer resgatar o passado é se trancar pra o novo, para o desconhecido futuro. Porque a vida é cheia, cheia? Cheia dela mesmo, de expectativas, de experiencias, de amores, de ódios, de frustações, tristezas e alegrias. O segredo é simplesmente entender, que há um caminho, uma verdade e uma Vida , ande por este caminho, entenda a verdade desse caminho, e chegará a viver uma vida..CHEIA..

Marcos Will

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O PECADO DE MINHAS ORAÇÕES



- Por Huberto Rohden -

Penso com horror nas minhas preces de outrora,
Quando eu pedia alguma coisa

Vida, saúde, prosperidade e outros ídolos,
Como se algo houvesse de real,
Fora de ti, meu Deus, Realidade única, total, absoluta!
Como se em ti não estivessem contidas
Todas as coisas do universo!...

Como se todos esses pequenos "realizados"
Não fossem reflexos de ti, o grande "Real"!
Tamanha era a minha ilusão dualista,
Que eu julgava poder possuir algum efeito individual Sem possuir a
Causa Universal!

Hoje morreu em mim toda essa idolatria,
Esse ilusório dualismo objetivo.
Redimido pela verdade libertadora,
Sinto, hoje, nas profundezas do meu Ser, O grande monismo do Universo.

Hoje, o alvo das minhas orações,
És tu, Senhor, unicamente tu.
Hoje, sei e sinto que, possuindo a ti,
Possuo em ti todas as coisas
Que de ti emanaram,
E em ti ficaram...

Todas as coisas que, por mais distintas de ti, São todas imanentes em ti.
Porque tu és a eterna Essência
De todas essas Existências temporárias.
Hoje não quero mais nada
Senão a ti somente, Senhor,
Porque em ti está tudo
Que, fora de ti, parece existir.

E, porque assim te amo, Senhor,
Amo também tudo que é teu,
Tudo que, disperso pelo cenário cósmico, Veio de ti, Está em ti,
Voltará a ti.

Revestiu-se de mística sacralidade
O meu antigo amor profano,
Desde que vejo o Deus do mundo
Em todas as coisas do mundo de Deus.
E o pecado das minhas orações de outrora Foi remido pela verdade da minha prece de hoje.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O Menestrel

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam…

E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…
E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…
Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.
Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.

Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens…
Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém…
Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.

Solidão pós-moderna

O Século XXI é mutante. Isso não chega a ser novidade, se pensarmos que o homem sempre esteve, digamos, evoluindo. A ciência e a tecnologia estão aí, dando saltos imensos, em frentes que vão da microbiologia e seus transgênicos à busca do deslindamento da história do universo, através das lentes de poderosos telescópios.
Somos mutantes, no entanto, no sentido de que nossa humanidade se perde nessas mudanças. Elas são em número e velocidade acima de nossa capacidade de absorção. Alienação passa a ser um antiácido a ser ingerido juntamente com a salada de frutas de informação que temos que deglutir todo dia.

Nossa desumanização começa, por exemplo, quando abrimos mão da casa paterna para tentar a vida em uma outra cidade ou país — e nunca mais voltamos. Nossos pais ficam sem netos e nossos filhos sem avós e tios. E nossa história, nossos valores, ideais, referenciais e heróis; nosso patrimônio simbólico, enfim, se perde na distância.
Longe da família , buscamos formar uma nova família. Uma família plasmada na correria da vida, na superficialidade, na sensualidade e na urgência oriunda de uma crescente carência afetiva. Tentamos reter na memória a nossa velha humanidade, mas já não nos sentimos à vontade abrindo o coração, falando do mundo interior, de sonhos, de ideais, de projetos de vida que, eventualmente, possam ser vividos a dois. "Ficamos" até onde for possível.

No ambiente de trabalho, as relações são cordiais o suficiente para esconder a luta encarniçada estabelecida pela competição: somente os mais adaptados sobrevivem. Os encontros, festas, almoços e jantares de negócio são o que resta dos laços cálidos e duradouros dos companheiros da infância.
Para sobreviver nesse ambiente hostil e exigente, pai e mãe precisam trabalhar. Para serem alguém, algo mais que simples "mão-de-obra", precisam de toda a energia disponível para tocar uma carreira de sucesso. Precisam vencer na vida. E essa vitória não comporta filhos. Pelo menos não do jeito antigo: filhos para serem amados em um convívio extenso e intenso. Agora eles são "curtidos" nos finais de semana em que não estejamos viajando a serviço. Durante a semana, terão uma boa educação numa creche ou numa escola de tempo integral. Desmamados cedo, eles aprendem a ser independentes.


Quando o divórcio vem (a carreira pode exigir), eles passam a viver ora com o pai, ora com a mãe — e com seus meio-irmãos, oriundos do novo casamento do pai e da mãe.
Não tenhamos pena desses nossos filhos. Eles se adaptarão. Sobreviverão e serão parecidos conosco. Não, serão melhores. Serão mais fortes e resistentes às distâncias, indiferenças e separações. Serão adaptados a um mundo onde não se olha para dentro, para a alma; aprenderão a ligar a televisão para não ouvir o silêncio; aprenderão a se ligar às pessoas sem chegar perto; aprenderão a confiar desconfiando e a não esperar misericórdia; aprenderão a fazer amor sem amar; aprenderão a viver no Século XXI. São mutantes.


Alguns deles, um dia, numa praça, numa esquina, ouvirão dizer que "Cristo salva". E pensarão: "não estou morrendo". Outros, no entanto, compreenderão que nEle lhes é possível uma nova e antiga humanidade — a humanidade original, na qual o colo do pai, da mãe, de tios e avós lhes é restaurado no mistério da igreja; no milagre da regeneração de seu próprio interior. Salvação. Nossos filhos mutantes, perdidos e órfãos ouvirão:

"Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus" (Ef 2, 19)— e crerão.

Morte: Parto de Vida

"Preciosa é aos olhos do Senhor a morte de seus santos" - Sl 116,15.

O apóstolo Paulo ensina aos Coríntios (I Co 15, 35-49) um princípio que norteia toda a revelação da história da redenção humana. Fala-nos do "natural" como útero do "espiritual"; da vida como período de gestação da Vida — Bios gerando Zoé, na linguagem de C.S.Lewis.


Não sabemos bem como foi o planejamento de nosso nascimento. Refiro-me ao espiritual. Sabemos, no entanto, que nossa vinda foi acalentada, desejada e planejada; viemos ao mundo para amar e ser amados — e para ser preparados para o céu. No entanto, criamos uma cena ridícula ao não compreender nossa morte como consumação desse projeto.
Tudo pronto. Hora de nascer. O pai acompanha de perto — agitação na "maternidade". Amigos, do outro lado do portal (Lucas 16,9), prontos para "nos receber nos tabernáculos eternos"... — mas relutamos em nascer!


"Sem este cordão umbilical, como poderá a vida ser boa? Como vou me alimentar? Vou definhar até morrer de cesária! Sem este líquido aminiótico, vou ficar solto no espaço... Diz o Livro Antigo que l* fora tudo é potencializado ao infinito (que não me diz nada!). Por exemplo, que, com minhas perninhas, vou andar, correr, jogar... Dizem que com meu nariz poderei cheirar as flores (haja imaginação!) E o que é o cheiro? Me mostra! Diz o Livro que com minha boca poderei comer bifes acebolados, doces, frutas... mas deve ser horrível, sem graça... a gente tem que enfiar na boca e mastigar — o que é mastigar? Diz o Livro Antigo que poderei enxergar com os olhos, e que isso é mais ou menos como ouvir com cores! Ouvir com cores?!


"Olha, creio em tudo o que o Livro Antigo diz; sou uma pessoa de fé. Mas daqui não saio."
E enrolamos o cordão umbilical no pescoço, duvidando, de fato, de que "nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam."